
O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou o tiroteio perto de um centro de distribuição de ajuda humanitária no sul da Faixa de Gaza, que fez 27 mortos, uma situação que o seu porta-voz descreveu como inconcebível.
“É inaceitável que os civis arrisquem e, por vezes, percam a vida simplesmente à procura de comida”, disse Stéphane Dujarric aos jornalistas, citada por Notícias ao Minuto, reiterando o apelo para uma investigação independente e já exigida após incidentes semelhantes esta semana.
O Exército israelita anunciou que abriu uma investigação depois de a Cruz Vermelha ter confirmado a morte de 27 palestinianos após um tiroteio, ocorrido perto de um centro de distribuição de ajuda humanitária no sul da Faixa de Gaza.
Na manhã de ontem, os soldados israelitas “dispararam tiros de aviso (…) contra suspeitos que se aproximavam de uma forma que colocava a sua segurança em risco”, referiu Effie Defrin, porta-voz do Exército israelita.
“O incidente está sob investigação e vamos esclarecer completamente” o sucedido, acrescentou, indicando que o Exército “não estava a bloquear o acesso dos residentes de Gaza” aos pontos de distribuição de ajuda humanitária.
“Pelo contrário, estamos a permitir. É o Hamas que está a impedir esse acesso”, contrapôs, em referência ao grupo islamita palestiniano que governa o território desde 2007.
O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) confirmou a morte de 27 pessoas nos incidentes junto do centro de distribuição de ajuda humanitária, tal como já tinham informado anteriormente as organizações de socorro do território palestiniano.
“Ao início desta manhã, o hospital de campanha da Cruz Vermelha, com 60 camas, em Rafah (sul), recebeu um fluxo massivo de 184 doentes. Dezanove deles foram declarados mortos à chegada, e outros oito sucumbiram aos ferimentos pouco depois. A maioria dos doentes foi baleada”, descreveu o CICV em comunicado.
Os incidentes com tiros tornaram-se quase diários após uma fundação apoiada por Israel e pelos Estados Unidos ter estabelecido pontos de distribuição de ajuda humanitária dentro de zonas militares israelitas, um sistema que, segundo a organização, visa evitar o Hamas.
As Nações Unidas rejeitaram o novo sistema, alegando que não responde à crescente crise de fome no território e permite a Israel utilizar a ajuda humanitária como arma.
A organização em causa, a Fundação Humanitária de Gaza (GHF), nomeou entretanto um pastor evangélico de direita, o reverendo Johnnie Moore, para a sua liderança.
Em comunicado, a entidade privada encarregada desde a semana passada de entregar ajuda humanitária a um único local no sul da Faixa de Gaza anunciou que o reverendo, nomeado comissário para a Liberdade Religiosa Internacional pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, será o seu novo diretor-geral. Read More O País – A verdade como notícia
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