Houve pouca procura de serviços públicos na cidade de Maputo, nos três dias de manifestações pós-eleitorais. Os pouco utentes tiveram que chegar cedo às instituições para fugir dos bloqueios na via pública.
Desde que iniciou esta fase das manifestações, vários funcionários de instituições públicas e privadas trocam o conforto das suas camas, pelos bancos e cadeiras dos seus locais de trabalho, tudo para garantir que as actividades laborais não se iniciem pontualmente às 7h30.
Uma das instituições é a Direcção de identificação civil de Maputo, que apesar de aberta tem a maior parte dos bancos vazios.
142 é o número de utentes que já tinham sido atendidos, até às 11h20 minutos, desta sexta-feira, na Direcção provincial de Identificação Civil, junto ao edifício dos bombeiros, na cidade de Maputo. Os que vieram contam as dificuldades que tiveram de enfrentar para chegar aqui.
“ Saí de Matendene e, de chapa, só consegui chegar a Benfica. No Benfica mandaram-nos descer, já eram oito horas. Assim eu caminhei de lá (Benfica) para cá, nos bombeiros. Consegui recuperar o Bilhete de Identidade, mas ainda falta muito. Tenho que regressar a Matendene. Não vai ser fácil apanhar chapas”, disse Sadamo Rungo.
Para fugir a este transtorno, sobretudo devido à idade avançada, Sr. Danao conta que teve que se refugiar na casa de familiares.
“Vim ontem à cidade e estou na casa da minha filha que vive perto. Logo cedo vim aqui para tratar o BI. Depois disso, só posso regressar amanhã para casa”, disse.
A STV sabe que nos três dias de manifestações, a DNIC não recebeu mais de 200 utentes, contrariamente aos mais de 300 habitualmente registados, em dias normais.
A procura por emissão, renovação e levantamento de cartas de condução também foi baixa nesta sexta-feira. E a principal causa é a dificuldade de circulação.
Gabriel Melembe diz que veio da Manhiça, só para renovar a carta.
“Apanhei o comboio de Manissa às 6 horas. Cheguei a Xiquelene e não havia mais comboio de lá para cá. Eram já 7h40 minutos. Tive de pedir boleia para me deixar na padaria e vim para aqui”.
Questionado sobre o regresso, Melembe disse que só poderia aguardar até as 16 horas, período em que o transporte e outras viaturas poderiam estar a circular.
Até as 13horas desta sexta-feira, 60 pedidos de renovação já tinham sido emitidos no Instituto Nacional de Transportes Rodoviários, na subunidade instalada no Jardim Tunduru.
O Comércio também não escapa aos bloqueios
No intervalo das 8h às 16 horas poucas pessoas visitam as lojas para comprar, um cenário difícil para quem depende e tem funcionários cujos salários dependem das vendas.
“ Anteontem tivemos um total de 5 a 6 clientes. E ontem, foi mais baixo do que anteontem. havia 3 ou 4. Alguns deles são clientes da casa, então vinham para levantar encomendas já efectuadas”, explicou o gestor de uma empresa de consumíveis, José Mufaniquisso..
Até as papelarias, que geralmente neste período registam procura de produtos escolares, o cenário é diferente.
Outros comerciantes têm dias que abrem as portas das lojas e no final do dia fecham-nas, sem terem vendido artigo algum.
“Esta manhã, os clientes que entraram, não vinham para comprar. Desde esta manhã não tivemos nenhum cliente”, disse Célio Macamo.
Alguns centros comerciais operam com as portas fechadas, por temer vandalização por parte dos protestantes.
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