Novembro 16, 2024

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O resgate da pátria nos mandamentos de VM7

 Não perguntes o que a tua pátria pode fazer por ti, pergunte o que tu podes fazer pela tua pátria.
Jonh Kennedy
 

Eclodiu em Moçambique um fenómeno político conhecido como Venâncio Mondlane (VM7), que quebrou convenções, elevou a retórica e cuja a sua militância ou impressão popular foi capturada pela sensibilidade da artista plástica Sandra Pizura, no quadro “Os mandamentos do VM7”.

Sandra Pizura recorreu à técnica: acrílico sob tela para dar vida ao quadro “Os Mandamentos de VM7” em dimensões 1.70×1.15m, obra criada a 4 de Novembro de 2024.

VM7, segundo consenso de pesquisas, significa: Ventos de Mudanças da 7ª Geração. O título: “Os mandamentos de VM7”, por si, já sugere uma posição messiânica do político no cenário moçambicano, estamos aqui a debruçar sobre a influência colossal que o mesmo tem sobre o povo e sobretudo nos jovens. Os Mandamentos figuram como os ideais do pensamento político e intelectual do VM7.

O quadro apresenta uma harmonia sublime do ambiente natural: As árvores, montanhas, planícies, os prédios ao fundo e a euforia popular no centro do quadro.

O céu azul domina o canto superior direito do quadro, seguido de alguns prédios, uma ponte unifica a área urbana e rural, e logo depois surgem os inúmeros seguidores do VM7 de praticamente todos os lados, e aglomeram-se fazendo uma legião em marcha, com o VM7 na linha da frente.

As linhas da obra são essencialmente curvadas, seduzindo o olhar do espectador desde as linhas traseiras longínquas donde vem os seguidores, até ao ponto central de destaque onde figura o líder. As formas são naturais, ornamentadas pelo extenso verde da vegetação, e pela enorme moldura popular, que cria instantaneamente ao espectador a sensação de movimento e de marcha seguindo o itinerário do líder.

Sandra Pizura manipula habilidosamente as perspectivas, as sombras, e os realces frontais dos populares criando uma ilusão óptica de tridimensionalidade dos objectos e figuras do quadro, adicionando-lhes uma profundidade peculiar, que permite vislumbrar até, o movimento, a energia e as vozes dos populares.

As cores são essencialmente transfiguradas da natureza ao quotidiano popular, o verde envolvendo a rica paisagem e o percurso revolucionário dos populares, a miscelânia de tons escuros e claros de castanho nos rostos dos populares, simbolizando a união de diversas raças e religiões na marcha, o azul do céu representando a aprovação divina da causa da marcha, e o branco, a imensa paz de espírito que caracteriza o povo e o líder em curso.

Os espaços distintos como os prédios brancos traseiros, a aldeia habitada à esquerda, e o movimento de populares que surge pela estrada à direita, realçam a ideia de que VM7 é um homem com convicções políticas e intelectuais gigantescas e, por isso, influencia multidões de todos os cantos do país e de todas classes sociais.

O quadro representa a luta incansável do VM7 pela democratização do poder e das instituições do estado, uma luta consolidada pelas suas famosas marchas que crescem mais e mais. A presença da bandeira moçambicana possui um forte simbolismo nacional, que destaca a marcha como uma luta não só política, mas do povo moçambicano em geral, aliás, Pizura explora visualmente bem a presença de cidadãos muçulmanos e até de raça branca no quadro.

Venâncio Mondlane é imortalizado bem no centro do quadro, com o seu colete preto icónico, o seu olhar frontal sempre convicto e esperançoso, semeando no povo a mesma esperança e convicção. O gesto das suas mãos e da sua voz concordando: Anamalala!

A sensação transmitida pelo quadro é visivelmente de liberdade, de busca por mudanças, de inconformismo com a actual situação político-social e económica de Moçambique.

Moçambique actualmente vê-se mergulhado numa crise económica política e social sem precedentes. Venâncio, figura carismática, têm-se valido como grande porta-voz do povo, perfilando acima de discursos retóricos vazios, inovando na forma de fazer política.

O quadro “Os mandamentos de VM7”, dada a sua fiel representação da personagem histórica e carismática que retrata, tem o perfil e a estética igualmente para se tornar um quadro histórico, dada a sua alusão a um momento político, social histórico em todo o País.

Artisticamente, Sandra terá nos induzido com esta obra, a reflectir, igualmente, sobre os conflitos do período pós-eleitoral, em que nos encontramos, sobre a necessidade de reforma e serenidade dos orgãos eleitorais de modo que possamos recuperar a credibilidade dos mesmos, sem descartar a necessidade crescente da cidadania do povo como factor de pressão para mudanças significativas.

A importância desta obra é multipla na medida em que preserva um momento histórico do país com um protagonista político ímpar, radiografa a actual vontade popular por mudanças políticas e sociais significativas, e traduz o desejo indelével de uma revolução para um Moçambique melhor.

Sandra Adélia Fernando Pizura é designer gráfica, ilustradora e artista plástica, participou de inúmeras exposições individuais e colectivas, é formada pela Escola Nacional de Artes Visuais, mestrada em Design E Multimédia pela Universidade Pedagógica e é docente na cadeira de Desenho Artistico no Instituto Superior de Artes e Cultura.

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