O analista político Agostinho Zacarias diz que Moçambique está a transformar-se num país fértil para a circulação de criminosos, porque, defende, as estruturas de segurança não exercem devidamente o seu papel. Zacarias reagia ao facto de os responsáveis pela tentativa do golpe de Estado na República Democrática do Congo, domingo último, terem vivido e aberto empresas em Moçambique. Enquanto isso, o partido no poder na RDC acusa Moçambique, Ruanda e Estados Unidos da América de apoiarem os golpistas.
Não é de hoje que se regista a presença de pessoas de conduta duvidosa ou criminosos em Moçambique e, num caso que está a criar um embaraço ao país, foi confirmado que os responsáveis pela tentativa de golpe de Estado na República Democrática do Congo viveram na Cidade de Maputo e abriram empresas em Moçambique.
O analista político Agostinho Zacarias não tem dúvidas de que, actualmente, o nosso país se apresenta como um terreno fértil para a circulação de criminosos.
“Eu penso que é um terreno fértil, sim, porque as estruturas do sector de segurança não estão a exercer bem o seu trabalho. Se olharmos para as ruas, a Polícia de Trânsito e a Polícia de Protecção usam a legalidade para se beneficiarem a si próprios. Então, se isto chega às fronteiras, temos uma situação de corrupção generalizada”, disse Zacarias.
Sobre o facto de o líder do grupo que tentou um golpe de Estado na RDC ter negócios em Moçambique e estar ligado a algumas figuras influentes – conforme foi avançado – o partido de Félix Tshisekedi, actual presidente da República Democrática do Congo, acusa Moçambique, Congo Brazzaville, Ruanda e os EUA de terem armado e apoiado os golpistas.
A formação política anunciou uma marcha em repúdio à tentativa de golpe de Estado.
A passagem por Moçambique dos acusados de tentativa de golpe de Estado segue-se a outros casos de cadastrados que escalaram o país.
Em Dezembro de 2023, o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) deteve, na Cidade de Maputo, um cidadão angolano que era procurado desde 2019, por crimes de tráfico internacional de drogas.
Em 2020, o famigerado traficante brasileiro conhecido pelo nome “Fuminho” foi capturado na zona nobre da Cidade de Maputo.
Outrossim, há relatos de a família do considerado maior narcotraficante do Brasil, Pablo Scobar, ter residido em Moçambique.
“Sim, o Estado moçambicano tem de se distanciar, mas ao mesmo tempo, é preciso fazer qualquer coisa para que situações dessa natureza não se repitam”, advertiu Agostinho Zacarias, que falava no programa “Noite Informativa” da STV Notícias.
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