
Por Amosse Mucavele
A leitura do artigo sobre as próximas eleições da Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO), da lavra do confrade Aurélio Furdela, revela uma observação oportuna sobre a forma como as eleições devem ser conduzidas, especialmente num campo tão delicado como a literatura, que deve primar pela liberdade, honestidade intelectual, inteligência, discernimento e reflexão crítica.
No entanto, a reflexão sobre a data do pleito eleitoral, marcada para o dia 26 de Julho, leva-nos a questionar os motivos que justificam este intervalo entre a convocatória da Assembleia-geral e a realização das eleições. Antes de mais, é fundamental destacar que a sistemática violação dos estatutos da AEMO, mencionada no artigo, coloca em cheque a integridade e a legitimidade dos processos eleitorais internos da associação. A falta de respeito pelos prazos e procedimentos estatutários compromete o direito dos membros de participar de um processo eleitoral transparente e justo. Nesse sentido, a AEMO, enquanto entidade representativa dos escritores moçambicanos, deve ser exemplar no cumprimento das suas próprias regras, de modo a fortalecer a confiança dos seus membros na instituição e evitar trazer à mesa fantasmas do passado.
O intervalo entre a convocatória e a eleição pode ser visto como uma manobra da actual direcção que se encontra fora do mandato ou como uma oportunidade para que os candidatos apresentem, de forma clara e detalhada, os seus projectos e ideias. No entanto, é crucial que este tempo seja utilizado de forma construtiva e não como um simples caminho para manipulação das preferências eleitorais. O que se espera de uma eleição na AEMO é que seja um espaço de discussão de propostas concretas e o fortalecimento da própria associação, que há 5 anos perdeu o seu lugar de fala na sociedade moçambicana. A eleição não deve ser um jogo de estratégias pessoais ou de influências externas, tal como bem precisou o confrade Furdela, mas sim um debate de ideias em que os membros da AEMO possam exercer o seu direito de escolha com base em ideais e não compromissos extraliterários.
O dia 26 de Julho, portanto, não deve ser visto apenas como uma data qualquer, mas como um marco para a reflexão e para a discussão profunda sobre o futuro da AEMO e da literatura moçambicana. É necessário questionar de forma insistente, Quem estará a frente da agremiação até a data das eleições? Será que actual secretariado que está fora do mandato tem legitimidade para dirigir este processo? Afinal , qual é o papel do Presidente da Mesa da Assembleia?
Além disso, deve-se evitar que o processo eleitoral da AEMO seja contaminado por práticas nocivas à democracia, o que se assumiu como uma raridade no condado que se encontra fora do mandato.
Que, ao contrário de se viver uma “histeria das massas”, possamos observar uma eleição consciente, onde cada voto seja dado com a certeza de que está a contribuir para um caminho mais sólido e duradouro para a AEMO e para os escritores moçambicanos.
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