
Um navio russo foi alvo de um suposto ataque terrorista próximo ao distrito de Mocímboa da Praia, no norte da província de Cabo Delgado. As autoridades confirmam o facto, mas não avançam mais detalhes sobre o caso.
“Entre os dias 7 a 8 de Maio recebemos uma comunicação de um acto de pirataria no mar. Foi quase em alto-mar, próximo das ilhas Mtembuzi e Vamizi. Embarcações motorizadas atacaram um navio que estava a realizar trabalhos de pesquisa. O comandante (do navio russo) levou o navio para o alto-mar, e como as embarcações (do grupo armado) não tinham autonomia para navegar em águas profundas, voltaram e seguiram em direção ao rio Messalo, onde têm um esconderijo de embarcações que arrancam aos pescadores e agentes económicos locais”, descreveu Sérgio Cipriano, administrador de Mocímboa da Praia.
Até ao momento, pouco ou quase nada se sabe sobre o ataque, mas o administrador de Mocímboa da Praia tem quase certeza de que se trata do grupo armado instalado em Cabo Delgado desde 2017.
“Não há dúvidas de que é este grupo (armado), porque circulam na zona costeira, e as embarcações usadas nessa tentativa de assalto foram arrancadas aos pescadores alguns dias antes da chegada do navio russo a Cabo Delgado, de acordo com informações de testemunhas que relataram movimentos estranhos no mar no dia do ataque. São embarcações de fibra de vidro, oferecidas pela Total a algumas associações de pescadores no âmbito do plano de reconstrução de Cabo Delgado pós-terrorismo”, revelou Sérgio Cipriano.
A fonte descarta a possibilidade de o ataque ter sido um erro das Forças de Defesa e Segurança, uma vez que a presença do navio era do conhecimento das autoridades. “Já tínhamos sido comunicados sobre a presença desse navio, que estaria a fazer pesquisas na costa moçambicana, incluindo Mocímboa da Praia. Informámos as Forças de Defesa e Segurança para evitar confusões, mas, infelizmente, houve essa insurgência”, lamentou o administrador do distrito.
A suposta fracassada tentativa de assalto ao navio russo aconteceu numa altura em que o grupo armado voltou a intensificar os ataques terroristas, alguns dos quais têm sido registados nos arredores da vila sede do distrito.
Segundo relatou o administrador do distrito, “no dia 5 deste mês de maio, por volta da uma hora da madrugada, o grupo armado foi à aldeia Ntotwe, onde revistou as casas à procura de mantimentos. Mas, infelizmente, a população não tinha nada. Apenas levaram vinte e cinco galinhas. Depois, dirigiram-se à zona comercial da aldeia, onde assaltaram quatro barracas e levaram quase tudo o que encontraram — desde arroz, farinha, óleo, até refrigerantes e bolachas. Na retirada, encontraram três mulheres; deixaram as duas que tinham bebés e levaram uma adolescente de catorze anos de idade”.
Depois de Ntotwe, o grupo armado assaltou uma ilha localizada no limite entre os distritos de Mocímboa da Praia e Palma.
“No dia 11, por volta das dezasseis horas, um grupo de quatro terroristas, numa embarcação motorizada, assaltou a ilha Muicungo, no posto administrativo da vila sede. À saída, carregaram as embarcações com os produtos de que necessitavam e saíram da ilha”, recordou Sérgio Cipriano.
Desde que o grupo armado voltou a circular em Mocímboa da Praia, em dezembro de 2024, milhares de pessoas que haviam regressado às zonas de origem — algumas das quais tinham acabado de reconstruir as suas casas — voltaram a abandonar as suas aldeias e a viver como deslocados.
“Devido à insegurança, algumas aldeias como Marere, Kalungo, Luchete, Nazimoja, Nacitenge, Ntanga, Chitolo e Antadola, onde uma parte da população já havia regressado, estão agora abandonadas. Algumas dessas pessoas já haviam abandonado desde 2023. A maior parte vive atualmente na vila sede, enquanto outras regressaram à zona de origem apenas temporariamente”, concluiu. Read More O País – A verdade como notícia
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