Abril 19, 2025

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Homoíne: Os desafios de uma vila que busca o progresso

 No coração da província de Inhambane, a Vila de Homoíne celebrou o seu 61.º aniversário com diversas atividades culturais e desportivas. Contudo, as comemorações foram acompanhadas por um forte apelo da população por soluções concretas para os desafios que marcam o quotidiano da vila. Entre os principais problemas estão as estradas degradadas, a falta de organização do transporte de passageiros e as condições precárias para os comerciantes locais. Estes desafios têm impactado diretamente a qualidade de vida dos munícipes, que agora pedem mais ações por parte das autoridades.

João Matavele, um residente de Homoíne, descreve com tristeza o estado das estradas que cortam a vila. “As estradas estão completamente esburacadas e, em dias de chuva, tornam-se verdadeiros rios de lama. É quase impossível transitar”, afirmou, sublinhando como a situação afeta não apenas a mobilidade, mas também o acesso a serviços essenciais, como escolas e unidades de saúde. “Há vezes que temos que caminhar grandes distâncias porque os transportes não conseguem passar. Isso afeta principalmente os idosos e as crianças, que são os mais vulneráveis”, acrescentou.

Ele também destacou o problema da poeira em dias de sol, que afeta diretamente a saúde dos moradores. “A poeira é constante e causa problemas respiratórios, principalmente nas crianças e nos idosos. Já perdi as contas de quantas vezes meus filhos ficaram doentes por causa disso”, lamentou. Para Matavele, a reabilitação das estradas é uma necessidade urgente, e ele pede ainda a organização do transporte de passageiros, que atualmente é caótico. “Os chapas param em qualquer lugar, bloqueando as vias e dificultando o trânsito. Precisamos de paragens adequadas para melhorar a mobilidade e garantir a segurança de todos”, apelou, enfatizando que uma melhor organização beneficiaria não apenas os condutores, mas toda a comunidade.

Maria Júlio, uma vendedora que ocupa os passeios no centro da vila, partilhou as dificuldades enfrentadas diariamente pelos comerciantes informais. “Trabalhamos sob sol intenso e chuvas torrenciais, sem nenhum tipo de proteção. É desumano. Nós precisamos de um mercado digno, onde possamos vender os nossos produtos sem medo de perder as mercadorias ou adoecer”, lamentou. Ela destacou como as condições precárias não afetam apenas o trabalho, mas também a qualidade dos produtos vendidos. “Quando chove, muitas mercadorias ficam molhadas e estragam. Isso gera prejuízo para nós, que já ganhamos tão pouco”, explicou.

Para Maria, a criação de um mercado organizado não é apenas uma questão de conforto, mas de sobrevivência. “Muitas de nós dependemos deste trabalho para sustentar as nossas famílias. Se tivermos um espaço adequado, poderemos atender melhor os clientes, conservar os nossos produtos e, quem sabe, aumentar os rendimentos”, afirmou. Ela também apelou às autoridades locais para que priorizem a construção de infraestruturas básicas para os comerciantes. “Não estamos a pedir luxo, mas condições mínimas que nos permitam trabalhar com dignidade”, concluiu.

Jovial Setina, Presidente do Conselho Autárquico de Homoíne, reconheceu que a vila enfrenta grandes desafios. Segundo ela, a erosão tem sido um dos principais problemas, degradando as vias e dificultando a mobilidade dos munícipes. “Devido à erosão, temos as vias todas esburacadas. Além disso, enfrentamos falta de água e energia em várias zonas da vila, o que compromete a qualidade de vida dos nossos munícipes”, afirmou.

Apesar das dificuldades, Setina destacou alguns avanços realizados pelo conselho. “Conseguimos levar água para dois povoados e estamos a finalizar a construção de uma casa de espera para mães grávidas em Marengo. Também iniciámos a reabilitação de um troço de estrada que liga o Banco ao Hotel”, acrescentou. Esses pequenos avanços são vistos como passos importantes, mas ainda insuficientes para atender às necessidades da população.

No que diz respeito à arrecadação de receitas, a liderança local enfrenta desafios significativos. Segundo Setina, a vila arrecadou menos da metade do valor previsto no ano passado. “Tínhamos uma meta de 6 milhões de meticais, mas arrecadámos apenas cerca de 2,5 milhões. Isso afeta diretamente a nossa capacidade de realizar projetos importantes para os munícipes”, explicou. Apesar disso, a presidente destacou que novas estratégias estão a ser implementadas para melhorar a arrecadação. “Estamos a introduzir formas inovadoras de coleta de receitas, e acreditamos que isso trará resultados melhores nos próximos anos”, afirmou.

Embora os desafios sejam muitos, a liderança local está determinada a transformar Homoíne numa vila mais organizada e funcional. Setina apelou à população para que colabore com o conselho autárquico, sublinhando que o progresso depende de um esforço conjunto entre governo e cidadãos. “Estamos a trabalhar dia e noite para melhorar esta realidade. O nosso compromisso é garantir que Homoíne ofereça condições dignas para os seus habitantes”, garantiu.

Enquanto isso, os munícipes esperam que as promessas se traduzam em ações concretas. Estradas transitáveis, mercados organizados e serviços públicos de qualidade continuam a ser as principais demandas da população. Para os moradores, o futuro de Homoíne depende de lideranças comprometidas e de uma população ativa na busca por soluções que beneficiem a todos.

O 61.º aniversário da vila não é apenas um marco histórico, mas também uma oportunidade de reflexão sobre os rumos que Homoíne deve tomar. Entre as dificuldades e as esperanças, o desejo é claro: transformar simbolismo em progresso, garantindo que as comemorações do futuro sejam acompanhadas por um verdadeiro avanço no bem-estar da população. Read More O País – A verdade como notícia

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