
Na cidade de Inhambane, conhecida como a Terra de Boa Gente, celebrou-se no passado dia 11 de Abril um marco histórico: o 47.º aniversário do Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ). Coincidindo com o Dia do Jornalista Moçambicano, a efeméride não foi apenas uma ocasião festiva, mas um momento de reflexão profunda sobre o estado da classe jornalística no país.
Com um discurso contundente, Faruco Sadique, Secretário-Geral do SNJ, destacou o lema deste ano: “SNJ: 47 anos celebrando a coragem, compromisso e profissionalismo dos jornalistas”.
Estas palavras ecoaram como um hino à resiliência de uma profissão que, mesmo sob adversidades, se mantém como pilar fundamental da democracia moçambicana.Sadique não poupou palavras ao descrever as condições precárias que muitos jornalistas enfrentam.
“Nos últimos tempos, o exercício da profissão jornalística no país tem constituído um compromisso muitas vezes penoso”, afirmou.
Contratos irregulares, ausência de salários dignos, falta de acesso à segurança social e inexistência de seguros de trabalho foram alguns dos pontos destacados. Esta realidade é agravada pela carência de meios técnicos e financeiros, essenciais para a produção de conteúdos de qualidade.
Nos últimos meses, os desafios tornaram-se ainda mais acentuados com a escalada de tensões políticas. Jornalistas tornaram-se alvos de agressões físicas, destruição de equipamentos e ameaças verbais, algumas delas disseminadas pelas redes sociais.
Sadique foi enfático ao denunciar que, “a agravar a situação, nos últimos meses, os jornalistas tornaram-se também vítimas do clima de tensão política que se vive no país”.
Apesar deste cenário alarmante, a classe permanece firme, honrando os seus princípios e contribuindo para uma sociedade mais informada e consciente.
“O jornalismo é a alma de qualquer democracia”, afirmou Faruco Sadique, numa declaração que evidenciou a centralidade desta profissão no desenvolvimento de uma sociedade livre e informada.
Ele destacou que a comunicação social não é apenas um veículo de informação, mas também um instrumento essencial para o fortalecimento da cidadania e para a construção de consensos em torno dos desafios nacionais.
Sadique apelou a uma reflexão conjunta sobre a situação dos jornalistas em Moçambique, especialmente num contexto onde os avanços democráticos podem ser ameaçados por atitudes que buscam cortar a liberdade de imprensa.
Ele sublinhou que essas práticas não apenas prejudicam os profissionais, mas também minam a confiança pública nos princípios democráticos que sustentam o país.
“Sem liberdade de imprensa, não há democracias fortes”, declarou o Secretário-Geral, enfatizando que a pluralidade de vozes na comunicação social é vital para garantir que todos os sectores da sociedade sejam ouvidos.
Ao mesmo tempo, ele reconheceu que os jornalistas enfrentam pressões constantes de grupos de interesse, que procuram influenciar ou distorcer a informação em benefício próprio.
“A credibilidade do jornalismo depende de uma atuação ética e responsável”, frisou Sadique, apontando que cabe aos profissionais resistirem a essas pressões e cumprirem o seu dever de informar com imparcialidade e verdade.
Ele acrescentou que os estatutos editoriais dos órgãos de comunicação devem ser sempre respeitados, pois constituem a base para um jornalismo transparente e comprometido com os valores democráticos.
No seu discurso, Sadique também manifestou o seu repúdio às tentativas de algumas entidades, tanto públicas quanto privadas, de limitar o livre exercício da profissão. Ele alertou que essas iniciativas em nada contribuem para a consolidação das liberdades que Moçambique tem alcançado desde a sua transição democrática.
“Essas ações comprometem não apenas o jornalismo, mas também o direito do cidadão de ser informado de forma independente e transparente”, enfatizou.
Para Sadique, o futuro do jornalismo moçambicano está intrinsecamente ligado à capacidade da classe de se unir e resistir a todas as formas de opressão, garantindo que a profissão continue a ser um pilar indispensável da democracia em Moçambique.
Outro ponto alto do discurso foi o apelo à união e ao fortalecimento da classe jornalística, uma necessidade que Faruco Sadique destacou como fundamental para enfrentar os desafios estruturais e conjunturais que afetam a profissão. Ele enfatizou que a representação sindical não é apenas um direito, mas também um instrumento de defesa coletiva capaz de garantir condições de trabalho dignas e segurança profissional.
Sadique dirigiu-se especialmente aos jovens profissionais, convidando-os a filiarem-se ao SNJ. Ele destacou que a adesão de novas gerações é vital para renovar e fortalecer o sindicato, promovendo não apenas a proteção dos direitos laborais, mas também a criação de estruturas locais que assegurem uma presença sindical mais abrangente em todas as regiões do país.
“Os comités locais são a espinha dorsal do nosso sindicato. São eles que garantem a proximidade com os jornalistas e a resolução mais rápida dos problemas do dia a dia”, explicou.
O Secretário-Geral também apelou aos veteranos da profissão, reconhecendo o papel crucial que a experiência acumulada pode desempenhar no fortalecimento da organização sindical.
“Vocês, que ajudaram a construir o SNJ nos seus primórdios, ainda têm muito a oferecer. A vossa sabedoria é uma ferramenta indispensável para orientar os mais jovens e ajudar a classe a superar os desafios atuais”, destacou Sadique, num tom que combinava gratidão e determinação.
Com uma postura confiante, Sadique reiterou que “só um sindicato forte e atuante pode enfrentar os desafios que afligem os jornalistas”.
Ele sublinhou que a união da classe não é apenas uma necessidade interna, mas também uma mensagem de força para as entidades empregadoras e para o próprio governo, reforçando o papel do SNJ como um interlocutor capaz de defender a liberdade de imprensa e os interesses dos seus membros.
“O nosso SNJ precisa de todos e de cada um de nós”, afirmou Sadique com convicção, reforçando que a unidade e o comprometimento coletivo são os alicerces para transformar a profissão jornalística num exemplo de dignidade e resiliência em Moçambique.
Ele concluiu com uma mensagem de motivação, incentivando cada jornalista a ver no sindicato não apenas uma organização, mas uma verdadeira família, pronta a lutar pelos direitos e aspirações de todos.
Num tom profundamente emotivo, Faruco Sadique descreveu os jornalistas moçambicanos como verdadeiros heróis anónimos, uma classe que muitas vezes é invisível aos olhos da sociedade, mas cujo impacto é incomensurável.
Ele exaltou o papel desses profissionais que, sob condições adversas, enfrentam chuvas torrenciais, o calor abrasador e os desafios das zonas mais remotas do país para garantir que a população esteja sempre informada.
“São esses profissionais que, mesmo diante de limitações, asseguram a unidade e o progresso de Moçambique”, destacou com gratidão.
Sadique ressaltou que, além de informar, os jornalistas desempenham um papel fundamental na construção de uma consciência coletiva, agindo como pontes entre os diferentes setores da sociedade.
“A informação não é apenas um direito, mas também um bem público que cabe aos jornalistas proteger e disseminar”, acrescentou. Ele reconheceu que essa missão é realizada, muitas vezes, com recursos limitados e sem o devido reconhecimento, mas enfatizou que o compromisso da classe com a verdade e a ética profissional é inabalável.
O Secretário-Geral também destacou os esforços do Sindicato Nacional de Jornalistas para apoiar os seus membros, mesmo enfrentando desafios internos e externos. Ele sublinhou que o SNJ tem sido um baluarte na defesa dos direitos dos jornalistas, trabalhando incansavelmente para melhorar as condições laborais e fortalecer a proteção sindical.
“Sabemos que ainda há muito por fazer, mas cada passo que damos em direção à dignidade profissional é uma vitória para todos nós”, afirmou.
Sadique expressou a esperança de que, com um maior número de adesões ao sindicato, seja possível ampliar o alcance das iniciativas de apoio à classe, criando uma rede mais robusta de proteção para os profissionais de comunicação social. Ele reiterou que o SNJ precisa de todos os jornalistas, independentemente da sua experiência ou posição, para se consolidar como uma organização verdadeiramente representativa.
“Num período difícil como este que estamos a passar, cabe aos profissionais de comunicação social saberem posicionar-se em prol da verdade”, reforçou Sadique, apelando a que a classe mantenha o foco nos princípios que norteiam a profissão, mesmo diante das adversidades.
Ele concluiu com um apelo à solidariedade entre os colegas, sublinhando que “a força do jornalismo está na sua capacidade de unir e inspirar mudanças positivas na sociedade”.
Encerrando o discurso, Faruco Sadique deixou uma mensagem de gratidão e esperança. Ele desejou um feliz 11 de Abril a todos os jornalistas e destacou a importância de continuar a luta pela liberdade de imprensa e pela dignidade profissional.As comemorações em Inhambane, além do discurso, incluíram atividades como intercâmbios desportivos entre jornalistas das províncias e encontros que reforçaram o espírito de camaradagem da classe.
O 47.º aniversário do SNJ foi mais do que uma celebração. Foi um chamado à unidade, à reflexão e à resistência. Em Inhambane, os jornalistas reafirmaram o seu compromisso com a verdade e o progresso, sob o signo da coragem que define a profissão. Read More O País – A verdade como notícia
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