A Federação Moçambicana das Associações dos Transportadores Rodoviários, FEMATRO, revelou, em entrevista ao “O País Económico”, que o sector sofreu um prejuízo de cerca de 375 milhões de Meticais nas receitas e vandalização de carros pelos protestatários. O cenário agravou os problemas do sector, que já se ressentia da falta de passageiros e de carga, principalmente nas carreiras interprovinciais.
Os protestos pós-eleitorais que têm ocorrido um pouco por todo o país estão a fragilizar a economia nacional, e o sector dos transportes é um dos mais afectados.
Os últimos dias tiveram um impacto muito mais negativo para os transportadores de passageiros, segundo dados tornados públicos pela Federação Moçambicana das Associações dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO), que já vinha reportando prejuízos na actividade devido a vários factores conjunturais.
“O sector já andava com défice de carga e de passageiros. Nas viagens interprovinciais, temos o problema da degradação da Estrada Nacional Número 1, que quase destrói os carros todos os dias”, disse Jorge Manhiça, porta-voz da FEMATRO.
De forma cumulativa, o sector perdeu cerca de 375 milhões de Meticais, um valor que pode crescer, uma vez que a movimentação ainda acontece de forma tímida, segundo Jorge Manhiça.
“Para os transportes urbanos, interurbanos e internacionais, as perdas estão em cerca dos 375 milhões de Meticais durante estes dias”, explicou Manhiça.
Em entrevista exclusiva ao nosso jornal, o responsável apontou que, além do desfalque em receitas, há registo de danos avultados nas viaturas.
“Tivemos essa problemática de viaturas serem queimadas, vidros quebrados, em alguns casos se registou, também, a entrada dos manifestantes dentro dos carros onde retiravam todos os bens dos ocupantes, incluindo as tripulações”, avançou, tendo acrescentado que “o sofrimento foi de igual modo, não há rota que sofreu menos que a outra. O sector todo foi afectado”.
O porta-voz recordou que a circulação era interrompida durante oito horas por dia, isto é, das 8h às 16h. “Assim, os carros podiam sair às 4h30 e tentaram fazer as voltas que pudessem, mas aquilo que eles gastavam não compensava as receitas”, revelou, para depois acrescentar que “Os autocarros não conseguiam sequer repor o combustível. Como se não bastasse, o tráfego também não perdoava nas referidas horas de livre circulação, porque todos os automobilistas se faziam à rua ao mesmo tempo”.
Segundo Manhiça, “a situação veio a complicar muito mais aquilo que é o trabalho, porque qualquer cidadão que tem o seu carro, quando saísse, queria ganhar tempo para poder chegar ao local de trabalho antes das 8h e também depois das 16h, porque havia um outro fenómeno, depois das 20h, o qualquer um parava na rua e começava a fazer cobranças ilícitas, essas portagens clandestinas que estão por aí”, esclareceu.
O porta-voz da FEMATRO alerta que, com a retoma normal da circulação a partir desta quinta-feira, há transportadores que tentam agravar as tarifas de forma clandestina, e diz que a federação se distancia.
“Agora que houve retoma, há colegas que não são honestos. Estão a tentar especular as tarifas. Nós, como federação, distanciamo-nos e vamos coordenar com as associações das rotas para que mobilizem os operadores para não percorrerem por esse caminho de especular as tarifas”, tranquilizou e disse mais: “Importa frisar que a tarifa não foi aumentada, as tarifas são as mesmas que foram aprovadas em 2022 e temos de as cumprir. Não podemos tirar partido do sofrimento da população.”
Questionado sobre projecções futuras, tendo em vista a quadra festiva, momento em que há mais procura no sector dos transportes, Manhiça esclareceu que, apesar da incerteza, o sector está a redobrar esforços para que haja capacidade de resposta na quadra festiva.
“Nós não gostamos de ser futuristas, mas temos o nosso plano de trabalho, com rotas onde somos sempre muito mais procurados no período festivo. Nós redobramos o esforço para que não haja falta de transporte. Aliás, se as condições permitirem, nós estaremos lá para transportar e levar qualquer cidadão para o ponto que desejar. Para isto, estamos preparados”, garantiu.
Sobre a possível continuidade dos protestos, A federação posiciona-se com críticas. “Mais uma paralisação destas, creio que não sobrará um de bem, e isso vai ter impactos negativos para a sociedade, porque haverá muita perda de emprego, para além da não realização de viagens a tempo. Aliás, já é notório um pouco disso, porque há pessoas que, sem coragem até agora, ainda não se ligaram em tirar os seus carros”, revelou.
Para já, a circulação dos transportes foi retomada em todas as rotas. Read More O País – A verdade como notícia
More Stories
Preços subiram 2,84% nos últimos 12 meses
Malawi suspende importação de combustíveis pelo Porto da Beira
CAPA DO JORNAL ECONÓMICO 13.12.2024