Dezembro 11, 2024

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Candidatos devem encontrar-se depois da validação dos resultados, defende Jauana  

 O sociólogo Hélder Jauana diz que os quatro candidatos presidenciais devem reunir-se depois de o Conselho Constitucional validar os resultados eleitorais, para, então,  encontrar consensos. Já Alberto da Cruz defende o envolvimento dos partidos políticos com assento parlamentar para a resolução da actual crise.

O programa Noite Informativa desta segunda-feira analisou as possíveis saídas para a crise pós-eleitoral no país. O sociólogo Hélder Joana defende que a solução deve ser política, pois o problema é também político. 

“Há aqui uma reivindicação pela verdade eleitoral. A CNE já fez o seu trabalho, o processo está no constitucional. Quem reivindica a verdade eleitoral deve esperar que o órgão que deve promulgar os resultados se pronuncie dizendo o que há à volta da verdade eleitoral (…) Digo isto porque os partidos submeteram os seus recursos,fizeram-no, porque têm fé, acreditam nas instituições e, tendo fé nessas mesmas instituições, apresentaram dados e esta instituição deve fazer a análise do processo em face a esses dados (…)Então, esses políticos devem aguardar que seja o Conselho Constitucional a pronunciar-se”, explicou. 

Contudo, Jauana adverte que a crise poderá continuar após a promulgação dos resultados. “A seguir a este período, vem um outro momento, promulgado o vencedor, a crise vai continuar.  Não significa que, uma vez anunciados os resultados, promulgados os resultados,  a crise se vai desvanecer, não vai.  No entanto, aquele que for legitimado como vencedor do processo  deve, imediatamente, sentar-se com os outros actores políticos e discutir”.

Alberto da Cruz, por sua vez, deposita pouca fé nas instituições que devem trazer a verdade eleitoral. 

“Da forma como elas são não-credíveis, qualquer cântico de papagaio aqui, vira o canto de uma sereia. O que quero dizer é que qualquer um pode dizer que ganhou. Por exemplo, nós tivemos o caso da RENAMO  também aparecer a dizer ou está em primeiro ou, no mínimo, está em segundo. Mas isto só acontece num contexto onde as instituições não são credíveis.  E acho que, ao longo dos vários debates, essa visão foi debatida e acorda a sociedade de que as instituições de governação eleitoral precisam de aumentar o seu nível de credibilidade”, defendeu.

Acrescenta ainda que “os partidos políticos, ao longo dos cinco anos,  estiveram em festas privadas e menos a discutir aquilo que era essencial”.

No seu entender, o pacote eleitoral foi desenhado para que somente quem tivesse uma máquina forte e para que a pessoa que governa o país fosse capaz de vencer as eleições, ou seja, “toda a arquitetura, a instituição eleitoral, toda a arquitetura das leis em Moçambique está desenhada para quem tem poder ou para quem está na posição”. 

Alberto da Cruz acredita que “quem está na oposição dificilmente pode ter provas concretas, ou então, dificilmente pode penetrar no sistema e ganhar as eleições de uma forma clara, limpa e de forma convincente”. 

Sobre a proposta de encontro entre os quatro candidatos, sem intermediação do Chefe de Estado,  antes da validação dos resultados pelo Conselho Constitucional, proposto pelo Padre Filipe Couto,  os comentadores têm opiniões complementares.

“Acordamos, neste princípio dos quatro reunirem-se, mas a minha perspectiva é sempre depois do Conselho Constitucional.  O Alberto Cruz disse muito bem, cada um dos candidatos sabe quem venceu, cada um dos partidos sabe que lugar encontrou e, simplesmente, neste processo de luta, de pressão, vai-se   manipulando, vai-se julgando com a imprensa, vai-se julgando com as emoções, vai-se utilizando a crise”, explicou Hélder Jauana.

Alberto da Cruz partilha o mesmo pensamento, acrescentando que o Presidente da República já não se  pode meter em muitas coisas. “Ele [o Presidente da República] pode levar até a própria descredibilidade do Estado ou do Governo (…) isto porque primeiro aparece como presidente do partido e diz que não, isto não deve ser feito porque nós ganhamos com vitória retumbante (…) E, depois, convida Venâncio Mondlane para um debate. Como fazê-lo quando ele já anunciou que ganhou a 75% e é impossível reverter?”, questionou. 

Da Cruz explica ainda que “a questão da imparcialidade do presidente no debate é estabilizada, no meu ponto de vista, e, na verdade, diz-se, e eu concordo, que já se perdeu a janela de diálogo entre este Governo e Venâncio Mondlane, também, noto do outro lado, do Venâncio, que há um extremismo no sentido de a agenda é esta, não pode mudar e tem vários pontos dentro da agenda, que eu acho que também precisam ser refletidos, como a questão de 3,5 milhões de casas”. 

Para Alberto da Cruz, o melhor cenário, com a nossa economia, tu só consegues 50 mil casas em cinco anos. E mais, os académicos questionam a intervenção dos partidos com assentos parlamentares, na pacificação do país.

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