Novembro 12, 2024

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Corpo de Fernão Magalhães Raúl encontrado estatelado na sala da sua casa

 Morreu o padre Fernão Magalhães Raúl que concorreu nas última eleições em Nampula como cabeça-de-lista do MDM para o cargo de governador provincial. O corpo foi encontrado estatelado na sala, na sua residência, sem sinais de violência.

No bairro de Namutequeliua, na periferia da cidade de Nampula, é onde vivia o padre Fernão Magalhães Raúl. Vivia apenas com empregados e a irmã mais nova que vive nas proxidades é que desconfiou que algo ia mal, quando até por volta do meio dia deste sábado não recebeu nenhum sinal do irmão.

“Estava a tentar ligar e o telefone estava desligado, mas ontem à noite [sexta-feira] havia saído, regressou e entrou. As portas estavam todas trancadas. Liguei para papa para trazer as chaves que era para poder abrir estas duas portas. Pap’á veio, abriu a porta e quando entramos na sala encontramos o corpo”, descreveu Anatércia Magalhães Raúl, irmã do malogrado.
O corpo estava estatelado na sala e sem sinais de violência. A secret’aria-geral do Movimento Democrático de Moçambique, visivilmente abalada com a notícia, preferiu deixar que sejam as autoridades a esclarecerem as causas da morte.

“São situações subsequentes que a gente pode, depois, procurar saber. O importante era mesmo saber se aquilo que tinha caído como notícia era verdade ou não, se ele já não estava em vida. O resto vamos saber, há-de se ver, existem entidades próprias para procurer saber”, anotou Leonor Lopes, secretária-geral do Movimento Democrático de Moçambique que acorreu à casa do padre para acompanhar tudo de perto e confortar a família enlutada.

Os técnicos do Serviço Nacional de Investigação Criminal estiveram no local, na tarde deste sábado, 8.10, fizeram a peritagem e por fim removeram o corpo. Presume-se que a morte terá ocorrido na noite de sexta-feira, pois o cenário sugere que antes da morte esteve a assistir televisão.

O padre Fernão Magalhães Raúl desafiou a lei canónica da Igreja Católica que proíbe que os clérigos tenham militância política activa e ele compreendia muito bem isso.

“A Igreja tem uma missão e a missão é a evangelização. Sendo esta mensagem central de difundir a mensagem de Cristo, de paz, de convivência pacífica, de solidariedade, de unidade, valores que a Igreja defende, é importante que a Igreja observe, na sua relação com a comunidade política, o princípio da neutralidade para que não esteja dividida”, disse à nossa reportagem em Agosto passado, no arranque da campanha eleitoral.

E mesmo assim, aceitou apresentar-se como candidato do Movimento Democrático de Moçambique para o cargo de governador da província de Nampula, nas eleições de 9 de Outubro. A Igreja Católica não gostou e através de uma carta ameaçou aplicar a sanção de perda do direito de direcção paroquial, mas mesmo assim, o padre não retirou a candidatura.

“Há incompactibilidades ao olhar das pessoas e segundo aquelas que são as regras de neutralidade da própria Igreja, mas é uma questão de liberdade de escolha. Há uma escolha e a escolha é estar ao lado do povo, ajudar o povo a crescer na tomada de consciência de cidadania necessária para lutar junto para resolver os problemas que Moçambique tem e Nampula tem concretamente”.

Não conseguiu cumprir com essa missão na política, mas como padre, deixa muitas sausades. Read More O País – A verdade como notícia

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