Agosto 21, 2024

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As metáforas da captura do Estado em Titos Pelembe

 Titos Pelembe aventurou-se pelo mundo das artes, como um astronauta que se aventura pelo espaço. É artista, curador e pesquisador no campo das artes visuais. A busca de significados existenciais, e simbolismos sociais profundos, dão corpo à sua última exposição, intitulada Fragmentos da vida II.

E como um artista visual em diálogo psicossocial, através duma instalação, de moldagem em pasta de papel, com variadas dimensões, apresentou “A captura do Estado”.
Uma parede esbranquiçada, com figuras de distintas dimensões, os corpos mais humanos contrastando com algumas cabeças animalescas, traduzem a leitura visual da instalação “A captura do estado”.

Um Estado é uma maquina, constituida por um grupo de pessoas, regras e decisões que tem impacto na vida do cidadão comum.

A captura do estado remete-nos à ideia de quebra do poder estatal, e de tudo a isso conectado.

O autor parece propor que as figuras da instalação são representantes desse mesmo Estado capturado. Os reflexos e as posições emitidas por essas figuras são enigmáticas e misteriosas. Parecem gritar sem nada dizer, parecem fugir sem mudar de lugar, e parecem estar presas, sem algemas nas mãos.

A percepção de movimento é dominante, sobretudo devido às sombras das figuras, e as diferentes direcções em que elas estão posicionadas. As figuras parecem vir dum passado comum, mais ameno, no entanto algo obrigou a sua fuga e dispersão – a “captura”.

A captura do Estado é simbolizada pelo único elemento comum em todas as figuras, a corrente que prende cada representante do Estado.

As correntes são o centro das metáforas da instalação. Podem representar as leis do Estado, que são ignoradas, as regras de trânsito, pontapeadas quotidianamente, a postura urbana, vendida ao preço do desmazelo, o descredito, que é ter uma boa lei, mas que não funciona, devido à mesma captura do Estado.

As correntes podem também personificar a grande corrupção, que, de uma forma geral, captura o Estado nos diversos sectores: Na saúde, na educação e nos serviços públicos, locais onde, particularmente, se encontram estes representantes do Estado.

As figuras da instalação apresentam vários perfis de servidores públicos. Nota-se, por exemplo, uma figura de homem, com face de tigre, que pode simbolizar um mau servidor público, que, como um caçador, se serve do Estado com uma ganância animal, olhando apenas para interesses individuais.

A figura central da exposição também faz parte da instalação, assemelha-se a um líder corpulento, em posição de liderança no Estado, com a cabeça recheada de dois chifres, que, simbolicamente, traduz que está a ser traido, ou feito de parvo, pelos seus colegas de trabalho, ou por interesses obscuros provenientes do estrangeiro, que o obrigam a trocar ouro por ferro.

Uma outra figura apresenta-se vestida de roupa executiva e palitó. Com forte perfil dum especialista financeiro, tem as mãos estendidas para cima, no entanto, a sua cabeça está endada. A figura pode representar um alto funcionário do Estado, tentando estabilizar as finanças públicas da nação, mas sem controlo dos esquemas, dos branqueamentos de capital, do roubo institucional, e, por isso, apresenta-se de cabeça vendada, pois não pode controlar todo o sistema, ou então não tem poder para travar a máfia que capturou o Estado.

A instalação de Pelembe transmite mais do que a captura do Estado, consegue, visualmente, captar algumas consequências de um Estado capturado, um dos figurantes na instalação por exemplo, é achado completamente em queda e de rastos, que pode significar mais um funcionário com seis meses de atraso salarial. E desta forma, o Estado perde o seu poder e a sua capacidade operativa.
A captura do Estado é visivel no nosso quotidiano, pela incapacidade de se pagar salários aos funcionários públicos, professores, médicos, polícias, e etc, a incapacidade da polícia de controlar os raptos, a morosidade recorde dos tribunais e o turismo frequente dos infractores.

Como impedir que o Estado seja capturado? Esta é uma pergunta que a instalação de Pelembe deixa para a sociedade, num ano eleitoral.

A captura do Estado é uma instalação que faz parte da exposição Fragmentos da vida II, de Titos Pelembe, patente na Fundação Fernando Leite Couto até 31 deste mês de Agosto. Read More O País – A verdade como notícia

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