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Dois polícias baleados em circunstâncias estranhas em Nampula

Há uma nova forma de assaltos em Nampula. Os criminosos telefonam às vítimas à calada da noite exigindo dinheiro e telefones. Numa das incursões, dois agentes da Polícia foram baleados por outro polícia. Há suspeitas de que os agentes feridos faziam parte do grupo do crime.

A onda de criminalidade na Cidade de Nampula está a ganhar outros contornos. Os criminosos adoptaram uma nova forma de actuação. Operam à calada da noite e ligam para as vítimas exigindo dinheiro e outros bens, com recurso à coacção psicológica. Na madrugada do dia 20 de Junho findo, um homem foi vítima da acção dos malfeitores que o agrediram e feriram num dos braços.

“Por volta das 2h00 da madrugada, vieram uns sujeitos, desconhecidos até agora, para fora do meu quintal e começaram a mexer no portão. Como no portão há um cadeado e ferro, eles não conseguiram entrar. Ligaram, depois, para o meu número. Disseram o meu nome e logo pensei que eram pessoas que me conhecem”, narrou.

A seguir, foi a coação psicológica que levou mais de 30 minutos. O objectivo era único: obter dinheiro a qualquer custo. Do outro lado da linha, ouviu a uma “ordem” para “não se agitar”.

“Não acorde a família. Não ligue para ninguém. Pega nos 20 mil, sai e abre a porta. Somos sete pessoas”, explicou o modus operandi dos malfeitores.
Não conseguiram o dinheiro e, à medida que o tempo passava, aumentava o tom da ameaça.

“O senhor está a demorar. Se o senhor não sair, vamos arrombar a porta. Ou quer que manipulemos arma. Eu disse que, se quiserem manipular arma, podem manipular”, contou.

A residência da vítima fica próximo da primeira esquadra da Polícia e do Comando Provincial da Polícia. Após várias chamadas, eis que chega um efectivo da Polícia e a história toma outros contornos.

“A Polícia chegou, deu um tiro para o ar e disse para abrir o portão. Não abri o portão logo. Deram dois ou três passos depois do meu portão e, adiante, só ouvimos gritos a dizerem ‘está aí ladrão’. Há uma voz que diz mata. E, depois, somente ouvimos disparos. O tal sujeito gritou que era colega. Os outros perguntaram porque não havia dito que era colega antes de dispararem. Uma das balas atingiu um outro Polícia que estava fardado também.”

Depois dos disparos, o homem que quase foi assaltado ainda ajudou a carregar os feridos para o carro da Polícia e viu que eram agentes fardados.

“Isso não sai da minha cabeça e da minha família que eles faziam parte, porque, se o polícia que disparou era da 1.ª Esquadra, então esses vinham de onde”, indagou.
A Polícia, por sua vez, contra outra versão e diz que foi um tiro acidental entre colegas.

“Chegado lá, os colegas desdobraram-se e um deles, acidentalmente, terá efectuado dois disparos que atingiram dois agentes que estavam num local com pouca visibilidade. E estes foram imediatamente socorridos e transportados para o Hospital Central, onde foram observados e internados. Importa salientar que, felizmente, os colegas já tiveram alta e encontram-se nas suas residências”, disse Dércio Samuel,  chefe de Relações Públicas do Comando da PRM em Nampula.

O estranho é que, 10 dias depois, ainda não foi aberto nenhum processo para investigar e esclarecer o caso, apesar de a vítima ter dado a notícia do crime na primeira esquadra, a mesma que interveio no terreno à data dos factos.

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