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População recorre a água dos charcos para o consumo em Mahubo

Há cerca de 10 mil famílias que não têm acesso à água potável em Mahubo, Boane, província de Maputo, o que as obriga a consumir água dos charcos. As famílias até estão cientes das várias doênças a que estão expostas, mas dizem não ter outra opção.

Para se ter água potável em Mahubo, as famílias teriam de percorrer mais de 15 quilómetros. Porque não conseguem, os charcos são a “salvação”, recorrendo a água literalmente suja para o consumo e outros afazeres.

A caminhada para a busca do precioso líquido não é longa, mas chega a ser penosa, muitas vezes, é feita com crianças carregadas nas costas, e no meio do mato.

A chegada, um ritual quase que regra, mas que não muda nada, os recipientes são lavados para dar espaço a água do charco. Virgínia Enoque, residente de Mahubo, diz que mesmo não sabendo da origem da água do charco, não tem outra opção senão usa-la.

“Esta água é da chuva que se concentra aqui, não sabemos de onde vem, mas porque não temos alternativa é esta que usamos”.

O charco é usado por morradores de todo o bairro, não se sabe ao certo por quantas famílias, e a cada minuto chegam mais pessoas que dependem exclusivamente daquele local para ter água em casa.

Os homens também não estão isentos desta realidade. Julião Manuel, residente de Mahubo, é dos muitos que também usa a água dos charcos para o consumo. “Tiro esta água por conta do sofrimento, venho de Mahubo 24 para aqui, dependemos apenas desta água. Estamos todos, desta zona, a sofrer por causa de água”.

Cientes das impurezas que a água contém, os morradores de Mahubo adoptaram alguns métodos para a purificação de água. Xavier Vasco diz que usa cinza para tratar a água. “Estou a colocar cinza na água para purificar, para matar os micróbios, porque esta água é imprópria. Bebemos por causa da pobreza”.

Depois de aparentemente tratada, a água é usada para o consumo, para servir as crianças, afinal a caminhada para a escola é longa, e elas precisam de água para ajudar a aguentar o percurso.

Por um lado estão as crianças, por outro, idosos como a vovó Carline João, que não consegue andar e vive sozinha. Devido a sua condição física os outros vizinhos é que trazem água para o seu consumo, que também é tirada dos charcos.

Os morradores de Mahubo também usam água da chuva para o consumo, entretanto, já há muito tempo que não chove.

Mas afinal por que esta população tira água deste charco para fazer as suas actividades e até para beber?

Quem responde a essa pergunta é Carlos Maquingua, residente de Mahubo, que conta que o problema da falta de água não é uma novidade no bairro. “O Problema da falta de água não é recente, já há muito sofremos devido a falta de água, quando fazemos uma pequena manifestação, queimamos pneus na estrada, eles abrem e a água jorra nas nossas torneiras, mas depois fecham, porque a água não é do estado é de um fornecedor privado e ele faz o que quiser”.

Depois de mais de quatro meses sem água, na última quarta- feira jorrou um pouco nas torneiras, mas apenas de madrugada, quem chegou tarde não apanhou nada.
“Fecharam a água por volta das oito horas, não consegui tirar nem um bidon, por isso estou aqui, porque nem dinheiro para ir tirar a Boane e tirar água no Umbeluzi não tenho”, contou Carlos Maquingua.

É isso mesmo, quem quer ter água potável aqui, é percorrendo cerca de 15 km até a vila de boane, mas as contas não batem e é isso que fazem quando este charco seca, por falta de chuva.

Mahubo faz parte do município de Boane e a presidente reconhece o problema.

As bombas foram concertadas, mas este ano, com a passagem da tempestade Filipo as mesmas bombas voltaram a sofrer.

Ainda não há datas para que o projecto conjunto da FIPAG e o Município com financiamento do banco mundial possa efectivar-se, mas a edil garante que com o projecto os problemas serão ultrapassados, mas enquanto isso não acontece, as cerca de 10 mil famílias, de todo boane, incluindo mahubo, continuaram a sofrer.

 

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