Agosto 26, 2024

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Vítimas das inundações “empurram” alunos ao relento na Matola

Há alunos que cedem as salas para as vítimas das inundações que estão em centros de acolhimento abertos em algumas escolas, no município da Matola. Os estudantes estão a ter aulas ao relento.

O município da Matola ainda conta com cinco centros de acolhimento abertos, dois dos quais são uma escola primária e uma escola básica.

No centro de acolhimento aberto na Escola Primária Muchisso, bairro Matibjana, no município da Matola, estão ainda 29 famílias que ocuparam três salas, empurrando alguns alunos ao relento.

“As turmas estão, agora, nas sombras, no sentido de dar espaço àquelas famílias, porque elas têm bens por conservar nas salas. A escola tinha 13 turmas ao livre, antes desta situação. Então, significa que saímos de 13 para 19 turmas ao ar livre”, revelou Maurício Herculano, director da Escola Primária de Muchisso.

Segundo o director da escola, esta é uma situação estranha com a qual a instituição deve lidar. “Temos de aceitar que esta é uma realidade alheia à realidade da própria escola. Trata-se de uma calamidade natural, que afectou a comunidade circunvizinha do bairro Matibjana, sobretudo as pessoas que estão aqui arredores da escola. Hoje , tivemos uma informação de que quatro famílias voltarão às suas casas e vamos continuar com 29 famílias”, disse.

E as vítimas que estão no centro de acolhimento aberto na escola de Muchisso nem sequer sabem quando poderão voltar às suas casas.

“Perguntei quando é que poderemos sair, mas ninguém disse nada. Fomos visitar as casas e a situação ainda não está boa”, disse Ângela, uma das vítimas das inundações, secundada por Ilda Cecília, outra vítima, que está num mar de incertezas quando ao regresso à casa. “Ainda não disseram quando é que vamos sair. Estamos à espera da orientação”.

No centro de acolhimento aberto da escola básica 08 de Março, bairro Tsalala, três salas ainda estão ocupadas pelas vítimas das inundações e fizeram-se arranjos para que alguns alunos não percam as aulas.

“Em função dos alunos das turmas, teríamos, em média, 85 alunos, mas não em todas as classes. Seria, apenas, na sétima e terceira classes, porque são as turmas que deveriam estar nas salas ocupadas pelas vítimas das inundações”, explicou Lourenço Matusse, director da Escola Básica 08 de Março, município da Matola.

Sob ponto de vista pedagógico, a saída encontrada pela escola não ajuda muito. “Os alunos não estão completos, hoje. Se estivessem completos, seriam quase 120 ou 130 alunos, porque juntámos as crianças. Então, não é nada fácil. Assim, tenho de sair daqui para outra turma, e faço exercício em mais de duas turmas”, disse Virgínia da Conceição, professora da Escola Básica 08 de Março, com voz carregada de resignação.

Mas o que preocupa não é só o número de alunos por turma, que agora chega aos 100. É estranho dar aulas naquele tipo de ambiente por vários motivos.

“Em parte, nós temos tido alunos que vêm à escola sem passar refeições. Agora, quando chegam aqui (à escola) e de um lado está a confeccionar-se a refeição, não sei como é que esse aluno vai conseguir lidar com esta situação”, observou Feliciano Daúce.

Os alunos também estranham o ambiente, mas o senso de solidariedade fala mais alto. “Foi estranho, porque eu achava que tivessem saído no domingo, também percebi que estavam a desinfectar as salas e, ainda, ouvi dizer que há pessoas com conjuntivite”, comentou com estranheza Jaime Mandlate Júnior, aluno da Escola Básica 08 de Março.

Foi estranho, também, para a sua colega, Shelsia Daniel: “Fiquei espantada. Foi a primeira vez a ver aquilo. São pessoas que sofreram com as cheias e vieram acomodar-se aqui, na escola. Então, temos de os acolher”.

Na escola, as vítimas que estão nos centros de acolhimento tendem a abandoná-lo.

“Estava previsto que eu saísse ontem, mas penso que hoje poderei sair. Dentro da minha casa, já não há água. Só o quintal é que ainda está ainda inundado”, avançou uma das vítimas das inundações urbanas, no município da Matola.

Contudo, há os que ainda não sabem quando poderão voltar às suas zonas de conforto. “A minha casa está cheia de água. Ainda não sei quando poderei sair do centro de acolhimento. Por agora, estou aqui”, afirmou Emília Machava, vítima das inundações.

Enquanto isso, um bom filme para descontrair e tentar esquecer-se do pesadelo das inundações causadas pelas chuvas da semana passada.

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